segunda-feira, 2 de junho de 2014



Era uma vez, uma pequena criança, de belos e curtos cabelos louros.
Essa garotinha era animada e carinhosa, até um pouco medrosa também. Ela não guarda muitas lembranças de sua infância, mas lembra de poucas brincadeiras e festinhas, e muitas, muitas tristezas.
Apesar de seus pais amarem-na muito, desde os quatro anos, ela já ficava completamente sozinha a noite em casa. Aos poucos, uma “armadura” se desenvolveu na garotinha, e ela mudou drasticamente de personalidade. Primeiro foi se afastando aos poucos e ficou um tanto carente, depois se tornou agressiva e arrogante.
Uma típica máscara pra alguém que tinha medo de se aproximar dos outros, e ser abandonada novamente.
Com o tempo, sua máscara se partiu, e se dividiu em três. A arrogante e agressiva continuou ali. A doce e gentil, preocupada e protetora, que só era revelada àqueles que lhe eram realmente importantes, ou que ela achava que devia proteger ou confiar. E a frágil, dependente e fraca, a mais verdadeira de todas, mas que está se fortalecendo a cada cicatriz presa a outra, com laços de sua própria alma.
Essa garotinha cresceu, suas feridas cresceram, e vão continuar aumentando. Mas a vida é assim, queira ela ou não. Dez anos de toda essa dor e medo se passaram, e hoje, a garotinha pode dizer, que sobreviveu bem, e forte a tudo isso. E que vai sobreviver, por um bom tempo.
Tenho orgulho em dizer que, essa garotinha sou eu.

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