Era
uma vez, uma pequena criança, de belos e curtos cabelos louros.
Essa
garotinha era animada e carinhosa, até um pouco medrosa também. Ela não guarda
muitas lembranças de sua infância, mas lembra de poucas brincadeiras e
festinhas, e muitas, muitas tristezas.
Apesar
de seus pais amarem-na muito, desde os quatro anos, ela já ficava completamente
sozinha a noite em casa. Aos poucos, uma “armadura” se desenvolveu na
garotinha, e ela mudou drasticamente de personalidade. Primeiro foi se
afastando aos poucos e ficou um tanto carente, depois se tornou agressiva e
arrogante.
Uma
típica máscara pra alguém que tinha medo de se aproximar dos outros, e ser
abandonada novamente.
Com
o tempo, sua máscara se partiu, e se dividiu em três. A arrogante e agressiva
continuou ali. A doce e gentil, preocupada e protetora, que só era revelada
àqueles que lhe eram realmente importantes, ou que ela achava que devia proteger
ou confiar. E a frágil, dependente e fraca, a mais verdadeira de todas, mas que
está se fortalecendo a cada cicatriz presa a outra, com laços de sua própria
alma.
Essa
garotinha cresceu, suas feridas cresceram, e vão continuar aumentando. Mas a
vida é assim, queira ela ou não. Dez anos de toda essa dor e medo se passaram,
e hoje, a garotinha pode dizer, que sobreviveu bem, e forte a tudo isso. E que
vai sobreviver, por um bom tempo.
Tenho
orgulho em dizer que, essa garotinha sou eu.
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