Jardim
dos sonhos
Era uma bela manhã de
primavera, as flores estavam desabrochando, as folhas de cerejeira estavam a
cair, uma bela garota de olhos azuis e cabelos rosados estava observando as
rosas de seu jardim e cantarolando uma linda melodia.
-Parece que finalmente chegou
o dia! –Disse a bela garota de cabelos rosados. – Cada pétala tem seu aroma,
cada pétala tem sua cor, é isso que nos faz únicas. – Recitou tocando em uma
rosa azul.
-Que belas rosas, tão belas
quanto quem as cuida! – Disse um garoto de cabelos prateados se aproximando
dela.
-Obrigada! Tornou-se um
hábito vir vê-las toda manhã, não importa o quanto eu estiver ocupada! – Ela
respondeu se tirar os olhos das flores. – É como se o meu dia não estivesse
completo!
-Entendo! – Ele sorriu e tocou
uma rosa diferente, suas pétalas eram violetas. – Essa rosa, se distingue entre
as outras não acha?
-É como a beleza de uma dama!
– Ela ergueu os olhos até encontrar o rosto do rapaz com quem estava
conversando já há algum tempo.
-Está certa! – Ele sorriu e
se aproximou dela.
-Ou de um garoto. – Ela falou
sem graça num tom baixo, que somente ela pudesse ouvir.
-Disse algo? – Ele já havia
se abaixado, estava ao lado dela.
-Não, nada! – Ela quase
sentiu sua respiração, estavam perto demais.
-Bom, acho que não me
apresentei devidamente! Sou Alexy Diamond.
-Alais Simetra.
-Simetra? Por acaso, é irmã
do Shinki?
-Sou sim! De onde o conhece?
-Não sei como explicar!
-É estranho, sinto como se
nos conhecêssemos a muito tempo!
-Incrível! – Ele sorriu. –
Sinto a mesma coisa!
-Alexy-kun. – Ele corou ao
ouvi-la chama-lo assim.
-O-O que?
-Você quer ser meu amigo?
-Claro!
-Alais, o que está fazendo
aqui fora? Você está doente! Será que não pode esquecer essas malditas flores
um minuto? – Disse um garoto moreno de olhos vermelhos.
-Deixe-a fazer o que gosta!
Talvez ela melhore mais rápido assim!
-Alexy-kun, não precisa se
preocupar comigo!
-Mas, Alais, você deve fazer
o que gosta, caso contrário pode acabar piorando!
-Não se intrometa Diamond! –
Disse o garoto se aproximando e puxando Alais pelo pulso para dentro.
-Alexy-kun, desculpe!
-Tudo bem! – Disse Alexy
levantando e indo embora com as mãos nos bolsos.
-Shinki, seu idiota. Não
duvido que ele nunca mais vá querer falar comigo!
-Melhor pra todos nós!
-Melhor? Você conseguiu me
separar, do meu primeiro amigo! – Ele riu.
-Amigo? A família Diamond não
é confiável!
-E a Simetra é muito né?
-Olha como diz da nossa
família!
-Não adianta, você nunca vai
me ouvir.
-Alais, não quero te ver
conversando com o Diamond novamente ouviu?
-Não, estou surda, minha
doença está afetando meus ouvidos!
-Alais, isso não é
brincadeira! – Ele disse sério.
Um pouco distante da casa dos
Simetra, Alexy estava apoiado em um muro pensando.
-Ela é tão linda, não
acredito que seja irmã daquele canalha.
-Falando sozinho?
-Uh? Lunna, você deveria usar
roupas apropriadas pra sua idade! – Ele riu e observou a garota de cabelos
azuis com pontas rosadas. Ela estava usando um short jeans bem curto com meia-calça
preta, top preto caído nos ombros, algumas pulseiras douradas no pulso esquerdo
e uma bota de cadarço abaixo do joelho, também preta.
-Qual o problema dessa roupa?
– Ela rodopiou admirando a própria roupa.
-Talvez seja que é para uma
garota de aproximadamente 15 anos e você só tem 12.
-Reclame com a Ichigo, ela
que compra minhas roupas!
-Não, ela compra roupas pra
ela e acaba misturando com as dela. – Ela cruzou os braços sobre os seios.
-Não vai elogiar minha roupa?
-Não. – Ele disse
atravessando a rua. – Não quero que Alais me veja falando com você,
principalmente se estiver vestida assim.
-Quem? Espera, Alais Simetra?
-Essa mesma, conhece?
-Meu primo tá afim da irmã do
garoto que estou afim?
-Aquele canalha não te merece
Lunna!
-E daí? Eu gosto dele, você
gosta da irmã dele e eu não digo nada!
-Não afirmei que gosto dela!
-Dá pra notar, pelo seu tom
de voz.
-Desde quando sabe disso?
-Semana passada, foi quando a
viu pela primeira vez não foi?
-Exato.
-Olha, dois Diamonds
apaixonados pelos Simetra.
-Parece que sabe como me
sinto. Gosta dele desde quando?
-Mês passado.
-E não disse nada por que?
-Do jeito que essa rivalidade
entre famílias está, ele te odeia, você odeia ele, preferi sofrer calada que
fazer você me odiar também!
-Parece Romeu e Julieta, ou
melhor, Montéquio e Capuleto.
-Só que sem as mortes.
-Vai se arriscar?
-Você vai?
-Que diferença faz?
-Se você for, provavelmente,
não se machucará sozinho, por que eu não vou sozinha!
-Só vai se eu for?
-É.
-Então vamos, não tô muito
afim de ver minha prima mais nova sofrendo por causa de um amor
não-correspondido!
-Valeu Alexy.
Alguns dias se passaram e as
rosas continuaram a desabrochar. Alais continuava a cuidar de seu jardim e
Alexy continuava a observa-la.
-Não adianta, estou te vendo
seu idiota!
-Uh?
-Alexy, não precisa bancar a
estatua se quiser me ver!
-Ah, oi Alais.
-Não banque o idiota!
-Depois daquele dia ficou bem
ignorante não acha? – Ele disse tentando esconder o remorso, por ser,
provavelmente a causa da atitude de Alais.
-Desculpe, de repente, as
flores começaram a murchar, isso me preocupa!
-Mudou o modo de cuidar
delas! – Ele disse se aproximando.
-Não.
-Mudou sim, antes usava menos
força! – Ele disse se aproximando mais e colocando a mão sobre a de Alais, o
que a fez soltar a rosa.
-Será que foi isso?
-Não sei, talvez tenha sido.
– Ele respondeu, corando em seguida, ela corava também. – Desculpe. – Ele disse
tirando a mão de cima da de Alais.
-Tudo bem.
Um pouco distante do jardim,
Lunna andava tranquilamente, até esbarrar em Shinki, que estava andando
lentamente, com a cabeça levantada.
-Desculpe, você está bem? –
Ele disse esticando o braço para Lunna.
-Estou. – Ela respondeu
segurando na mão dele e levantando com dificuldade.
-Espere, você é...
-Sim, eu sou uma Diamond, vai
me odiar por isso, como odeia meu primo?
-Não, por que acha que o
odeio?
-Pelo modo que vejo você
falando com ele.
-Como sabe como falo com ele?
– Ela ficou mais vermelha que os olhos dele. – Por acaso...
-Tá, admito, de vez em quando
eu te sigo!
-Por que faz isso? – Ele se
aproximou dela e ela abaixou a cabeça.
-Por que, eu gosto de você!
-Lunna.
-Como sabe meu nome?
-Bom, como posso explicar, de
vez em quando também te sigo! – Ela demonstrava um misto de medo, felicidade e
surpresa. – Por que, também gosto de você!
Enquanto isso, no jardim,
Alais e Alexy ameaçavam brigar.
-Por que se deixa levar por
tudo que ele diz?
-Talvez seja por que ele é o
único que resta da minha família! – Ela dizia nervosa.
-Alais, por que está gritando
comigo?
-Não estou gritando! – Ela
disse e se virou, tocando o caule de uma rosa roxa.
-Alais, olhe pra mim enquanto
falo com você! – Ele disse num tom violento.
-Por que não vai se divertir
com sua priminha? – Ela disse segurando o caule com mais força. Logo, seus
dedos começaram a sangrar.
-Alais, sua idiota, é de você
que eu gosto! – Ele viu as gotas caindo lentamente no chão. – Alais...
-Isso não se compara com o
que já sofri com sentimentos inúteis!
-Alais... – Ele retirou a mão
dela do caule e apertou os espinhos, fazendo seus dedos sangrarem também.
-Alexy, por que fez isso?
-Por quero, saber como se
sente e sentir a mesma coisa. – Ele sorriu e soltou o caule.
-Seu bobo. – Ela o abraçou
com lágrimas nos olhos. – Eu gosto muito de você, desde que te vi pela primeira
vez!
-Eu também Alais! – Ele
sorriu e desvencilhou o abraço, ela ficou com uma expressão de dúvida.
-O que foi Ale-kun? – Ele
corou com o novo apelido.
-Nada, só quero tentar uma
coisa!
-E o que seria? – Ele
levantou o queixo dela e abraçou sua cintura, beijando-a em seguida. Alguns
segundos depois, afastou-se lentamente.
-Isso.
-A-Alexy. – Ela falou baixo,
com as mãos sobre os lábios.
-Desculpe, não deveria ter
feito isso! – Ele disse dando dois passos para trás, virando e se direcionando
para fora do jardim.
-Espere. – Ela disse correndo
até ele e o abraçando por trás.
-Alais...
-Não vá, por favor.
-Não irei.
Enquanto isso, Lunna e Shinki
continuavam discutindo.
-Olha Lunna, não sei o que me
deu na cabeça pra te seguir por aí!
-Nem eu.
-Mas mesmo assim. – Ele segurou
a mão dela. – Não me arrependo de ter feito isso!
-Shinki... – Ela corou, ele
se aproximava lentamente.
-Lunna, me desculpe! – Ele a
abraçou, acariciando o cabelo dela.
-Desculpar pelo que?
-Por ignorar o que sentia por
você.
-T-Tudo bem. – Ela apertou
mais o abraço.
-Lunna-chan. – Ele
desvencilhou o abraço e levantou o rosto dela de modo que olhasse em seus
olhos. – Posso ter a honra de te beijar? – Ela ficou ainda mais vermelha.
-C-Claro que pode, seu bobo! –
Ele abraçou-a novamente, aproximando seu rosto lentamente ao dela, finalmente
alcançando os lábios dela delicadamente.
FIM
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