Contraí os músculos, me agarrando ao travesseiro, enfiando
nele a cabeça e mordendo o lábio, sufocando assim o grito mais profundo. Isso
não pode estar acontecendo comigo! O simples pensamento da possibilidade de
sentir algo por Brad me fazia repugnar a mim mesma.
Então por que eu fiquei tão chateada quando o vi com aquela
garota? O que estava acontecendo comigo?... Sentada na beira da janela enquanto
o sol se punha, me foquei em ordenar meus pensamentos, que em momento algum
deixavam de ser sobre o sorriso perfeito de Brad.
O problema era que eu não podia, sob hipótese alguma estar
apaixonada por esse idiota! Por mais que, se ele compartilhasse o sentimento...
Espera! O que diabos estou pensando?
O ruído de um motor ligando e o portão da garagem abrindo me
tirou de meus devaneios inúteis. Descendo as escadas de dois em dois degraus, o
vislumbre da silhueta de quem eu menos queria ver naquele momento me fez querer
voltar, ao mesmo tempo que o reflexo dos últimos raios de sol do dia em seu
rosto quase me obrigava a ficar. Meu corpo estremeceu quando ele me viu, então
eu tive que falar.
-O que você está fazendo aqui Brad? – Perguntei o encarando.
Ele sorriu.
-Vim te ver, seus pais me deixaram entrar, mas como você
estava no quarto, preferi esperar, pensei que estivesse dormindo. – Brad se
levantou e veio até mim, me beijando na bochecha, sendo empurrado pelo meu
lindo reflexo idiota.
-Por que não vai ver a sua amiga? Ela é com certeza mais
importante que eu. – Resmunguei me virando, mas ele me puxou, e antes que eu
pudesse fazer qualquer coisa, ele me pegou no colo.
Brad tirou o controle do aparelho de som do bolso e uma
maldita música lenta começou a tocar na altura em que eu estava ouvindo One
Direction ontem. Ainda me segurando, ele foi até o meio da sala, então me
colocou no chão, segurando firme minha cintura.
-Pode me soltar? – Ele negou com a cabeça e colocou minhas
mãos em seus ombros.
-Não. – Brad continuava a me segurar firme, tentando me
fazer dançar. – Eu não quero ser rude. – Sussurrou em meu ouvido, rindo ao
perceber que me arrepiei com isso. – Só quero que dance comigo. Encarei-o.
-Mas eu não quero dançar.
-Agora você está sendo rude.
-Você não prefere não ser rude com a sua amiga, e dançar com
ela? – Resmunguei o empurrando, quase o derrubando e caindo também no processo.
-Não precisa ser tão ciumenta, como você mesma disse, ela é
minha amiga, não meu par pro baile.
-Não devia perder tanto tempo assim em convida-la. – Sua
cara de descrença pelo que falei era impagável.
-Vai me deixar falar por que queria te ver?
-Desculpa, você não introduziu o assunto, sabe como nós
mulheres somos! – Pisquei pra ele, e finalmente ele me soltou.
-Pare de ser rude, estou tentando te convidar pro baile
porque eu gosto de você! – Disparou, me deixando boquiaberta. – E porque até lá
você encontra um vestido perfeito pra que eu fique sem palavras, e quase
esqueça dos planos de te pedir em namoro na frente da escola inteira. –
Completou com um sorriso idiota no rosto. Bati em seu peito, fazendo-o rir.
-Podia ter me mandado uma mensagem!
-E perder essa expressão no seu rosto? Nunca! Inclusive,
perder a de raiva também, e de ciúmes, meio mundo sabe que você gosta de mim
garota, só você não aceita! – Fechei a cara, pronta pra expulsá-lo dali. – E o
resto sabe que eu gosto de você tanto quanto, agora pare de bancar a durona,
sabe tanto quanto eu que quer aceitar ambas propostas! – Bufei, e ele riu
novamente. – Vou tomar isso como um “sim”.
-Pare de ser tão convencido! – Bati-lhe no peito de novo, o
surpreendendo com um beijo. – Ou vou continuar na tentação de te dizer “não” em
ambas propostas.
-Ok, isso eu tomo como um “sim”. – Sorriu.
-Isso é um sim! – Confirmei revirando os olhos.
-Você precisa fazer mais festas como a da semana passada,
estava incrivelmente sexy, e foi o que me fez perceber o quanto eu te quero ao
meu lado. – Sussurrou me beijando de novo.
-É, o castigo de não sair de casa valeu a pena. – Sussurrei
de volta.
-Sorte a minha que não fui pego! Imagine se alguém te
chamasse pro baile antes de mim? Eu piraria por completo! – Falou rindo. – Você
não sai da minha cabeça, não importa o que eu faça, e tudo o que eu quero é ter
você só pra mim, por mais egoísta que isso possa ser.
-Bom pra mim, agora sei que não sou a única egoísta nessa
relação que nem começou ainda, já que o pedido oficial é só no dia do baile. –
Ri, acariciando sua bochecha.
-Bom, posso pedir agora se preferir. – E se ajoelhou na
minha frente, me fazendo cobrir o rosto de vergonha quando tirou um anel
prateado de uma caixinha do bolso e o colocou no meu dedo. – Me namora?
-Sim! – Respondi dando pulinhos e o puxando de volta, o
beijando mais uma vez.